Portugueses brilham no primeiro dia do Campeonato Europeu de Judo

Telma Monteiro é Campeã da Europa

Chegou, lutou e venceu, foi assim o dia em que Telma Monteiro ganhou mais uma medalha: a 15ª em 15 participações, tornando-se Campeã da Europa de Judo na categoria de -57kg.

Depois de ter vencido a experiente austríaca Sabrina Filmoser, duas vezes campeã europeia e 31 ª do mundo, a belga Mina Libeer, 48ª, e Nora Gjakova, 4ª no ranking mundial e a grande favorita, a judoca portuguesa depressa mostrou que, o pensamento que tinha tido ao acordar estava correto: hoje era dia de fazer história.

“Quando acordei de manhã e quando cheguei aqui sabia que ia fazer história e quando meto uma coisa na cabeça, só paro até fazer", a atleta fez efetivamente história”

Assim, após uma final com a eslovena Kaja Kaiser, 15ª do mundo e com quem Telma tinha perdido em 2020, em Telavive, a atleta portuguesa saiu vencedora ao pontuar para “ippon”, terminando desta forma o combate, aos 39 segundos do prolongamento – “golden score”.

Desta forma, a história ficou feita ao manter o record de medalhas em competição: 15 – o mesmo número de competições europeias e, ao ganhar a sua sexta medalha de ouro em Campeonatos Europeus de Judo, depois das vitórias em 2006, 2007, 2009, 2012 e 2015.

Vencer em Lisboa tem, para Telma, “um sabor super especial porque era um sonho que estava adiado. Quando és campeã da Europa em casa, nas condições que eu fui, com 'golden score'. Foi um dia perfeito, em casa", finalizou.

João Crisóstomo vence medalha de bronze

Também o judoca João Crisóstomo conquistou hoje uma medalha de bronze na competição - a sua primeira medalha em grandes competições - ao vencer na categoria de -66kg o bielorrusso Dzmitry Minkou, por 'waza-ari’ nos últimos instantes, 4m32s, tornando-se em mais um combate decidido no golden score.

“Eu não sou um atleta de resolver os combates logo ao início, não sou tão explosivo como outros atletas, não é o meu perfil. Mas sou forte na endurance, na resistência e consegui levar o combate até ao fim, porque estava bem preparado”, resumiu, em declarações à RTP, assumindo-se imensamente feliz.

Crisóstomo, 63º do mundo, tornou-se numa das grandes surpresas do dia, ao vencer adversários com melhor cotação como o polaco Patrick Wawrzyczek (54.º), o azeri Nijat Shikhalizada (21.º) e o espanhol Gaitero Martin (9º), todos no 'golden score', até chegar às meias-finais. Aqui o atleta perdeu contra o italiano Manuel Lombardo, 3º do ranking mundial, sendo relegado para o combate para a medalha de bronze, onde se destacou, saindo-se vencedor contra o bielorrusso Dzmitry Minkou.

Cerimónia de Abertura

A cerimónia de abertura contou com a presença de João Paulo Rebelo, Secretário da Juventude e do Desporto, tendo sido realizada por volta das 15h e procedendo o Bloco de Finais que decidiu os Títulos Europeus.

Para o Secretário do Desporto “É com especial orgulho que Lisboa - Capital Europeia do Desporto 2021 é a cidade organizadora do Campeonato da Europa de Judo 2021. Não tenho dúvidas que esta organização será um sucesso e presto o meu reconhecimento à Câmara Municipal de Lisboa, Federação Portuguesa de Judo e ao Instituto Português do Desporto e da Juventude por fazerem deste campeonato um evento memorável para toda a família do judo. Portugal é hoje reconhecido pelas organizações internacionais como um excelente país para receber grandes eventos desportivos de uma forma calorosa e dedicada. Esta é mais uma oportunidade para os nossos atletas, para a nossa seleção nacional de judo e para o nosso desporto de receber o carinho dos portugueses a competir em casa. O vosso sucesso é o nosso sucesso!”

Em declarações Fernandes, Presidente da Federação Portuguesa de Judo lamenta a falta de público devido à pandemia deixando, no entanto, um elogio à organização.

“Até ao momento, o balanço é positivo. A organização está cinco estrelas, está a ser elogiada por toda a gente, por todos os países e pela União Europeia de Judo. É possível constatar que está tudo a correr bem. Só é pena estarmos em pandemia, queríamos ter o pavilhão cheio como previsto, mas infelizmente não conseguimos. Haja o que houver, estamos contentes, mas estaremos sempre tristes por não conseguirmos que as pessoas lá fora possam ver aquilo a que estamos a assistir. Esta competição, sendo em casa é como se não fosse. Sem aquele ambiente, os atletas, as claques, o barulho a puxar pelos nossos atletas, claro que para o atleta é diferente. Quando entra ali dentro é quase como estar a competir em Paris, na Alemanha ou na China, ou seja, não há aquele calor, aquele apoio e para os atletas não é fácil. Qualquer atleta que está aqui pode chegar às medalhas, mas todos nós sabemos, e eles melhor que ninguém, tanto podem chegar a medalha, como podem ficar no primeiro combate. Por muito forte que o atleta seja, no judo, as variáveis que existem ninguém as consegue controlar. Se tivesse aqui público, eu acho que seria diferente, muito diferente, mas qualquer atleta pode chegar à medalha e qualquer atleta pode ir embora no primeiro combate. Mas em nada belisca os nossos atletas, pois estamos a falar de uma das melhores seleções do mundo e não há dúvidas sobre isso.”

Mesmo sem público, os portugueses destacaram-se neste primeiro dia, antevendo um fim-de-semana (que se espera), igualmente, brilhante.