Webinar – O Desporto tem o poder de mudar o Mundo

45 minutos de conversa e três pessoas que à partida não se reuniriam para falar de desporto, foi assim a tarde de quinta-feira, 27 de maio. Nuno Delgado, chefe da Equipa de Missão da Lisboa Capital Europeia do Desporto 2021 (CED21), Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome Portugueses e Rui Marques, coordenador executivo da Academia de Líderes Ubuntu juntaram-se para falar sobre como o desporto e a solidariedade podem e, devem, andar de mãos dadas porque “cada vez mais nós percebamos que, para perceber de desporto e para saber treinar de pessoas, temos de saber um pouco mais sobre a atividade física”, refere Nuno Delgado.

Campanha de Recolha de Alimentos para a Rede de Emergência Alimentar

Esta é uma das grandes campanhas preparadas, em parceira com o Banco Alimentar. Aqui os clubes de Lisboa (que, de acordo com o Chefe de Missão da CED21, foram os grandes responsáveis de sermos a candidatura vencedora em 2017, contra Haia, na Holanda, ao mobilizarem-se e criarem este conceito Mandela) vão juntar-se a uma causa com uma grande componente social.

Algo que, para Isabel Jonet, é importante de fazer “porque nós realmente não vivemos sozinhos e não podemos estar bem quando há pessoas que não têm a comida que precisam todos os dias à mesa, para elas e para os seus filhos”.
Sendo, por isso, algo bastante importante “pela mensagem de mobilização por uma causa comum que parece, à primeira vista, que não tem nada a ver com a causa do desporto, mas que tem uma ligação e um entrosamento muito importante”, refere a presidente do Banco Alimentar.

Ao qual acrescenta ainda que o “que gostaríamos, com esta campanha, é que extravasasse o clube e impactasse a comunidade em que o clube se insere”.

Formação de Capacitação pela Academia Ubuntu

A Academia Ubuntu é uma academia “que visa promover e restaurar a dignidade em contextos em que esta se encontra diminuída ou ferida, através do empoderamento para a liderança servidora”, explica Rui Marques.
Por isso mesmo, “temos um presente muito especial para os nossos técnicos. Sabemos que para podermos ter a nossa certificação, a nossa cédula de atividade desportiva, é preciso créditos”, de áreas mais técnicas, especificas da modalidade, e de outras mais generalistas, refere Nuno Delgado.

E é assim que surgem dois momentos, dois seminários de três horas, “em torno da ideia liderar como Mandela”, sendo este o primeiro módulo de toda a estrutura do método aplicado na academia e que usará recursos muito próximas da realidade desportiva, explica Rui Marques.
“Liderar como Mandela, deixar-nos inspirar por um estilo de liderança que se baseava nesta cultura Ubuntu, que foi profundamente colaborativo, mas acima de todo nos tocou a todos, porque foi capaz de ir além do normal, do expectável”, refere o coordenador executivo.

“Esse é o roteiro, veremos traços de uma liderança servidora, como a capacidade de saber ouvir, a dimensão empática, o saber colocar-se no lugar do outro”, acrescenta Rui Marques.

Esta formação terá lugar nos últimos dois fins de semana de junho e dará 1.2 créditos do IPDJ - Instituto Português do Desporto e Juventude.

No fim ainda houve tempo para falar de duas iniciativas do Banco Alimentar Contra a Fome e da Academia Ubuntu.

A primeira, um programa de formação contra o desperdício, “a missão do banco alimentar”, que foi lançado no ano passado com o objetivo de lutar contra a cultura do desperdício e sensibilizar para algo que “é intolerável”, ainda mais quando os recursos são escassos. “O movimento quer, precisamente, sensibilizar os jovens, mas todas as comunidades para esta ideia de que, se reutilizarmos, estamos a dar uma vida prolongada a bens que estão condenados à destruição”, explica Isabel Jonet.

Já a segunda iniciativa, trata-se de uma academia “Ubuntu Unite Nations”, com cinco seminários, e que reunirá 193 delegações, uma por cada país com assento nas Nações Unidas, e onde 3 jovens de cada país vão ser mobilizados para que possam ser “agentes da construção de um mundo melhor (...)um mundo onde possamos cuidar um dos outros sem deixar ninguém para trás”.
“Será realmente uma ideia portuguesa, que nasce em Portugal, mas que unirá jovens do mundo inteiro em torno desta visão”, esclarece Rui Marques.